O Becco do Cotovelo, apesar do aspecto que tende ao bucolismo, quando elevado em verso e prosa, é também reconhecido “caldeirão” da política local.

Mais que uma artéria estreita e “desajeitada”, uma vez que tem a forma de um cotovelo, por isso o nome Becco do Cotovelo, o principal ponto de encontro dos sobralenses, e de visitação por quem passa por Sobral, se constitui uma espécie de memorial. Desde que o radialista Francisco Expedito Vasconcelos há algumas décadas se tornou proprietário do Café Jaibaras, revelando alguns aspectos importantes da história da cidade, o local funciona como uma espécie de museu da imagem e do som, que a cidade ainda não tem instalado, embora exista projeto aprovado pela Câmara de Vereadores.
O Café Jaibaras, que impressiona pelo aproveitamento do seu restrito espaço, cerca de 20m² bem ocupados, oferece lugar a um mural com os principais jornais da cidade e do Estado, além de galeria com fotografias de ilustres personalidades, já conta cerca de vinte anos de existência.
“No nosso mural exibimos jornais e anúncios de eventos, o que faz com que os visitantes do Becco fiquem bem informados do que acontece na região. Também temos a “placa mortuária”, que, apesar de não ser bem vista, informa os óbitos das pessoas mais conhecidas”, declara Expedito Vasconcelos que, além de proprietário do point, detém o título de ‘Prefeito do Becco’ e o cargo de presidente da Associação Amigos do Becco, entidade que cuida dos aspectos históricos do local, preservando memórias e valores que o integram.
O público cativo é um misto de aposentados, poetas, jornalistas, radialistas, escritores, corretores, publicitários, políticos, comerciantes, artistas, além de outros personagens que, a cada dia, encenam capítulos da história do lugar. O público majoritário é de homens, muito embora o local receba a graciosidade das damas em busca de comprar cigarros, chicletes, balas, crédito de celulares, cartões telefônicos e outros produtos vendidos no caixa do Café. O contraditório minoritário à grande clientela do lugar é a equipe de funcionárias, quase em sua totalidade ocupada por mulheres, a começar pela sócia do Café, e companheira do proprietário, Lourdes Vasconcelos. Estão lá, também, a irmã de Expedito, Vilma Frota, e as atendentes, Expedita, Graça e Dirce.
O Becco do Cotovelo, apesar do aspecto que tende ao bucolismo, quando elevado em verso e prosa, é também reconhecido “caldeirão” da política local. É nele que o candidato nasce, e também morre, politicamente. Os ovacionados saem do local vigorosos, enquanto os premiados com vaias, ou qualquer outro tipo de reprovação, acabam malsucedidos nos embates.
Expedito Vasconcelos se mostra bastante envaidecido quando apresenta o “Livro das Visitas Ilustres” contendo dezenas de assinaturas de artistas renomados, presidenciáveis e alguns imortais, como é o caso da escritora Rachel de Queiroz, do Padre Quevedo e do Padre Vieira, popular defensor do jumento. “No Becco mais famoso do Ceará recebemos muitas autoridades do mundo político, pessoas que fazem a história, por isso resolvemos fazer essa galeria para prestar homenagens. O mais interessante é que o povo gosta”, destaca.
A Galeria do Becco foi notícia no Jornal Zero Hora, do Rio Grande do Sul, e no Portal G1, da Rede Globo, que deram destaque ao ‘óculos coletivo’, à ‘pegadinha do espelho’ e, também, à exposição de livros de escritores locais, artifícios que se tornaram atrativos por suas formas criativas.
O prefeito Expedito falou, ainda, de outra importante motivação do Café Jaibaras: a ‘Coluna da Fama’, onde são colocadas assinaturas de filhos ilustres de Sobral. “Nós estamos no Becco e o Becco pode tudo. Daí a razão pela qual criamos e afixamos a placa com nome americanizado de Wall Street. O Becco, muito embora pequeno e estreito, abriga preto, branco, rico, pobre, todos enfim”, garante. E continua. “Para sentir o pensamento das pessoas que vêm aqui, temos o livro de registros. Com certeza, um dia, esse livro servirá de fonte de pesquisa para qualquer escritor que queira falar da história do Becco do Cotovelo”, finalizou.
Reportagem Carlos Alberto Ritchelly
Redação Silveira Rocha
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